Além de nos deixar sem saber o que vestir, a alternância entre dias frios e quentes tem efeito sobre o organismo, que vão da imunidade a problemas cardíacos e alterações no humor.
Depois de um início de inverno
marcado por temperaturas baixas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, as máximas
voltaram a subir, chegando a 24°C em São Paulo e 23°C em Porto Alegre.
No entanto, o frio deve voltar.
Na capital paulista, a previsão é de que este inverno seja o mais rigoroso em
três anos.
Há consenso entre cientistas de que o
clima tem um efeito profundo sobre nossa saúde e bem-estar, sendo associado a
desde mudanças nas taxas de natalidade a surtos de pneumonia, gripe e
bronquite.
No frio, o corpo gasta mais energia
para se manter aquecido, o que acaba reduzindo a capacidade de defesa do
organismo. Além disso, ambientes fechados, com grande quantidade de pessoas,
facilitam a transmissão de vírus.
Mudanças bruscas de temperatura
também costumam deixar as pessoas com imunidade baixa, aumentando o risco de
doenças sobretudo para crianças e idosos. Nos mais velhos, a chamada amplitude
térmica pode até mesmo levar à morte.
Problemas respiratórios e cardíacos
Para as pessoas que já sofrem de
doenças respiratórias, a mudança brusca de temperatura é particularmente
perigosa, com problemas como asma e rinite podendo se agravar.
Num estudo, pesquisadores da
Universidade de São Paulo testaram a influência de mudanças bruscas de
temperatura em pacientes com e sem rinite alérgica crônica. Eles foram
colocados, em sessões alternadas de 30 minutos cada, numa câmara a 14°C e em outra a 26°C.
Os resultados apontaram que quem
sofre de rinite alérgica tem mais chance de desenvolver sintomas respiratórios
e oculares quando exposto a alterações repentinas de temperatura. Os pacientes
com a doença relataram coceira e ardor nos olhos, além de falta de ar. A
oscilação dos termômetros foi simulada com ar condicionado.
Segundo Carlos Carvalho, professor de
Pneumologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, as vias
aéreas são preparadas para permanecer numa temperatura constante. Por isso,
mudanças bruscas de temperatura podem gerar irritação, mesmo em quem não sofre
de asma e rinite, disse em entrevista a Drauzio Varella.
Em períodos marcados por mudanças de
temperatura e dias secos de inverno, é essencial beber bastante água para
ajudar a manter úmido o muco que protege as vias respiratórias. Além disso, é
recomendável tomar vacina contra gripe, se alimentar e dormir bem, se agasalhar
e deixar o ar circular em locais fechados.
Mudanças bruscas de temperatura
também podem provocar problemas cardíacos. Quando a oscilação de temperatura é
do frio para o quente, o sangue fica mais espesso, e as artérias, contraídas, e
a pressão tende a cair, aponta Max Grinberg, professor do Hospital das Clínicas
da USP. Assim, é necessario mais esforço para bombear o sangue pelo corpo.
Já quando a alteração repentina é do
quente para o frio, a pressão aumenta, e pode ocorrer uma crise hipertensiva.
Pessoas com problemas cardíacos são, portanto, mais suscetíveis a mudanças de
temperaturas.
Manter o corpo hidratado é uma
maneira de evitar doenças no tempo seco do inverno
|
Alteração de humor
Também há indícios científicos de que
o clima pode afetar o humor, para além do desânimo comum diante de um céu
nublado ou chuvoso. O chamado transtorno afetivo sazonal é um tipo de depressão
que geralmente se manifesta no outono e no inverno.
O transtorno pode ser causado por
alterações no relógio biológico e no equilíbrio químico do corpo. Nas estações
mais frias, os níveis de melatonina e serotonina – que regulam o humor e o sono
– podem ser afetados, levando à depressão.
As pessoas que vivem em climas frios
são mais propensas a desenvolver o transtorno afetivo sazonal, devido ao menor
número de horas de luz solar durante o outono e o inverno.
Um estudo recente também sugere que
temperaturas mais altas ou mais baixas podem afetar nossa capacidade de tomar
decisões complexas. E neste quesito, o clima frio parece ser mais vantajoso.
Segundo reportagem da revista Scientific American, é mais fácil
tomar uma decisão no Alasca do que na Flórida.
Isso tem a ver com a regulação da
temperatura corporal. Enquanto no calor, suamos, para manter uma temperatura
interna saudável, no frio, trememos para evitar a hipotermia. No entanto,
resfriar o corpo parece requerer mais energia que aquecê-lo.
Assim, no calor sobra menos energia, em forma de
glicose, para o cérebro, afetando os processos mentais. Portanto, quando a
próxima onda de frio chegar, talvez seja hora de tomar grandes decisões.
Vimos no: DW - Deutsche Welle
0 comentários:
Postar um comentário