Causada pelo fungo Sporothrix schenckii, a esporotricose é
uma micose que pode afetar animais e humanos. Desde o final da década de 1990,
no Estado do Rio de Janeiro, tem sido grande a ocorrência da doença em animais,
especialmente em gatos. Há tratamento para a micose, e o diagnóstico dos
animais já pode ser feito na maioria das clínicas veterinárias. Por isso, não
abandone, maltrate ou sacrifique o animal com suspeita da doença. Procure o tratamento
adequado e se informe sobre os cuidados que deve ter para cuidar de seu animal
sem colocar em risco a própria saúde. São essas algumas das orientações dos
veterinários que estudam o agravo.
Na Fiocruz, o Instituto nacional de Infectologia Evandro Chagas
(INI) é a unidade que pesquisa a esporotricose. Alguns de seus
pesquisadores responderam perguntas selecionadas a partir das questões mais
frequentes enviadas ao Fale Conosco.
Quais são os principais sinais clínicos e sintomas da esporotricose?
Nos gatos, as manifestações clínicas da esporotricose são variadas. Os
sinais mais observados são as lesões ulceradas na pele, ou seja, feridas
profundas, geralmente com pus, que não cicatrizam e costumam evoluir
rapidamente. A esporotricose está incluída no grupo das micoses
subcutâneas.
A esporotricose atinge quais animais? Como é o contágio?
Embora a esporotricose já tenha sido relacionada a arranhaduras ou
mordeduras de cães, ratos e outros pequenos animais, os gatos são os principais
animais afetados e podem transmitir a doença para os seres humanos. O
fungo causador da esporotricose geralmente habita o solo, palhas, vegetais e
também madeiras, podendo ser transmitido por meio de materiais contaminados,
como farpas ou espinhos. Animais contaminados, em especial os gatos, também
transmitem a doença, por meio de arranhões, mordidas e contato direto da pele
lesionada.
A esporotricose se manifesta em humanos?
Sim. O homem pega o fungo geralmente após algum pequeno acidente, como
uma pancada ou esbarrão, onde a pele entra em contato com algum meio
contaminado pelo fungo. Por exemplo: tábuas úmidas de madeira. Outra forma de
contágio são arranhões e mordidas de animais que já tenham a doença ou o
contato de pele diretamente com as lesões de bichos contaminados. Mas, vale
destacar: isso não significa que os animais doentes não devam ser tratados, pelo
contrário. A melhor solução para evitar que a doença se espalhe é cuidar dos
animais doentes, adotando, para isso, algumas precauções simples, como o uso de
luvas e a lavagem cuidadosa das mãos.
Como é possível identificar a esporotricose em humanos?
A doença se manifesta na forma de lesões na pele, que começam com um
pequeno caroço vermelho, que pode virar uma ferida. Geralmente aparecem nos
braços, nas pernas ou no rosto, às vezes formando uma fileira de carocinhos ou
feridas. Como pode ser confundida com outras doenças de pele, o ideal é
procurar um dermatologista para obter um diagnóstico adequado.
Os gatos podem transmitir esporotricose para as pessoas?
Sim, por meio de arranhões, mordidas e contato direto com a lesão. Por
isso é importante que o diagnóstico seja feito rapidamente e que o animal
doente receba o tratamento adequado. Animais doentes não devem nunca ser
abandonados. Se isso acontecer, eles vão espalhar ainda mais a doença. Caso
suspeite que seu animal de estimação está com esporotricose, procure um médico
veterinário para receber orientações sobre como cuidar dele sem correr o risco
de ser também contaminado.
É possível que um gato doente contamine outros animais que convivem no
mesmo ambiente, como uma casa, quintal ou apartamento?
Sim. Por isso é aconselhável isolar o gato do contato com outros
animais, separando-o num ambiente próprio, para que receba os cuidados de que
necessita sem comprometer a saúde dos outros bichos da casa. Outro cuidado
muito importante: em caso de morte do animal com esporotricose, é essencial que
o corpo seja cremado, e não enterrado. Isso porque a micose pode se espalhar
pelo solo, espalhando a doença entre outros animais.
Que cuidados podem evitar a transmissão?
Uma boa higienização do ambiente pode ajudar a reduzir a quantidade de
fungos dispersos e, assim, novas contaminações. É também importante não
manusear demais o animal, usar luvas e lavar bem as mãos. Em caso de morte dos
animais doentes, não se deve enterrar os corpos, e sim incinerá-los, para
evitar que o fungo se espalhe pelo solo.
Onde levar um gato com suspeita de esporotricose para ser atendido?
O animal com suspeita de esporotricose deve ser levado a uma clínica
veterinária. Há atendimentos de baixo custo e alguns gratuitos. No Rio de
Janeiro, o animal pode ser encaminhado à Unidade de Medicina Veterinária da
Prefeitura, que presta atendimento de segunda a sexta-feira, pela manhã e à
tarde, com distribuição de números por ordem de chegada. Para mais informações
acesse o site http://www.1746.rio.gov.br/ ou ligue para o
1746 da prefeitura.
A Fiocruz, por meio do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas
(INI), também oferece atendimento. No entanto, o serviço já está trabalhando
com sua capacidade esgotada, devido à grande demanda. Isso significa que, por
ora, a Fiocruz não pode atender a novos casos.
Por sua vez, o Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge
Vaitsman também pode contribuir com informações. O IJV fica na Avenida
Bartolomeu Gusmão 1.120, em São Cristóvão, Rio de Janeiro.
O contato é: ijv@rio.rj.gov.br .
Sugerimos ainda o contato com a Secretaria Especial de Promoção e Defesa
dos Animais:
Telefone geral: (21) 3402-0388 (Centro de Proteção Animal);
Ouvidoria de atendimento: 3402-5417;
Administração no Centro Administrativo São Sebastião (CASS): 2292-6516;
Prefeitura: 1746;
Unidade Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman (UJV):ijv@rio.rj.gov.br
Telefone geral: (21) 3402-0388 (Centro de Proteção Animal);
Ouvidoria de atendimento: 3402-5417;
Administração no Centro Administrativo São Sebastião (CASS): 2292-6516;
Prefeitura: 1746;
Unidade Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman (UJV):ijv@rio.rj.gov.br
E o atendimento às pessoas, onde é feito?
O atendimento de esporotricose no Rio de Janeiro está sendo feito pelos
médicos de Postos de Saúde locais e dos
Serviços de Atenção Básica do Programa
Saúde da Família. Casos que apresentam uma complexidade maior, serão
então referendados para o Centro Clínico do Instituto Nacional de Infectologia
Evandro Chagas, através de encaminhamento médico, do local de origem.
Todos os dias a equipe de enfermagem faz avaliações, no período da manhã e, se
for pertinente, a consulta médica é agendada.
Para qual órgão devo comunicar que existem casos de esporotricose na
região onde moro?
Ao Centro de Controle de Zoonoses do seu município. No Rio de Janeiro, o
telefone é (21) 3395-1595. Caso não exista um setor como esse no seu município,
sugerimos que comunique o caso à Secretaria de Saúde, pois é uma doença que
pode contaminar os seres humanos.
Outro contato pode ser feito com a Vigilância Sanitária do Rio de
Janeiro, pelo telefone 1746 ou no site http://www.1746.rio.gov.br/.
Qual o tratamento indicado para gatos? E para humanos?
O tratamento recomendado, na maioria dos casos humanos e animais, é o
antifúngico itraconazol, que deve ser receitado por médico ou veterinário. A
dose a ser administrada deve ser avaliada por esses profissionais, de acordo
com a gravidade da doença. Mas, dependendo do caso, outros fármacos podem ser
usados. Reforçamos: a administração do medicamento só deve ser feita após
avaliação médica ou veterinária.
Como conseguir o medicamento? A Fiocruz oferece gratuitamente?
É possível comprá-lo em farmácias de todo o país. O fornecimento de
medicamentos pela Fiocruz é restrito àqueles pacientes que estão regularmente
matriculados, bem como aos animais que estão em acompanhamento no Laboratório
de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos.
Quanto tempo dura o tratamento?
Dependendo do caso, o tratamento pode durar meses ou mais de um ano. É
muito importante que o tratamento seja seguido à risca.
É contagiosa apenas por contato ou o fungo também pode ser transmitido
pelo ar?
A transmissão do fungo através da inalação é possível, mas é rara.
Já existe ou está sendo desenvolvida alguma vacina contra a
esporotricose?
Não existe vacina contra a esporotricose, mas alguns estudos vêm sendo
desenvolvidos.
Existe transmissão entre humanos? Ou seja: uma pessoa com esporotricose
pode transmiti-la para outra?
Não há registros de casos deste tipo de transmissão. Pelo que se sabe,
as pessoas só contraem a doença pelo contato com meios ou animais contaminados.
Para mais informações, localização e contato:
Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas
Avenida Brasil 4.365 - Manguinhos, Rio de Janeiro
Contatos: (21) 3865.9595
Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas
Avenida Brasil 4.365 - Manguinhos, Rio de Janeiro
Contatos: (21) 3865.9595
Fonte: INI/Fiocruz
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